Google.org destina R$1,5 milhão para investir em projetos brasileiros de Inteligência Artificial

O Google.org, braço de filantropia do Google, planeja investir R$1,5 milhão (USD 300 mil) em dois projetos brasileiros por meio do Digital Futures Fund — um fundo global de US$ 20 milhões criado pelo Google.org em setembro de 2023 para apoiar projetos sem fins lucrativos. Ambos os projetos têm como foco a pesquisa sobre o uso responsável da Inteligência Artificial (IA).

As iniciativas selecionadas são o Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e a Organização Não-Governamental VoteLGBT. Ambas serão as primeiras instituições a receberem os recursos.

“Compreender os impactos e desafios da inteligência artificial é algo que nenhuma empresa consegue fazer sozinha”, afirma Marcelo Lacerda, diretor de políticas públicas e relações governamentais do Google no Brasil. “Esperamos que o fundo nos permita apoiar vozes independentes na academia e na sociedade civil para que possam pesquisar mais sobre a IA e ajudar essa tecnologia transformadora a beneficiar a sociedade brasileira.”

Pesquisas sobre Inteligência Artificial e seus possíveis impactos

O projeto da PUC-SP, liderado pela professora e pesquisadora Dora Kaufman, analisará como as empresas brasileiras estão concebendo e utilizando tecnologias de IA, observando as regras e estruturas de governança e gestão de riscos adotadas pelo mercado.

A pesquisadora também buscará compreender as diretrizes éticas, regulatórias e as melhores práticas nesse sentido.

Dora é uma das principais referências no Brasil quando se trata de IA, principalmente em estudos sobre os impactos ético-sociais dessa tecnologia nos negócios. Ela também é autora de dois livros sobre o assunto: “A inteligência artificial irá suplantar a inteligência humana?” (Editora Estação das Letras e Cores, 2019) e “Desmistificando a inteligência artificial” (Autêntica Editora, 2022).

Os resultados do estudo deverão ser apresentados em um relatório detalhado contendo um mapeamento das aplicações construídas com IA para aumento de eficiência, incluindo modelos para aprimorar processos, o que também pode ser relevante para o setor público, e facilitar o acesso a novos mercados.

O documento também incluirá recomendações de boas práticas para a implementação desses produtos. Além disso, as autoridades públicas receberão um material específico com sugestões para a discussão de políticas públicas de governança e gestão de riscos de IA, com base nas observações da pesquisa científica.

O projeto do VoteLGBT, por sua vez, conta com uma equipe liderada pela pesquisadora Evorah Cardoso, que investigará como a IA pode auxiliar as autoridades na identificação e responsabilização dos agressores em casos de violência contra a comunidade LGBTQIAP+ no Brasil, contribuindo para a criação de políticas públicas de combate à homofobia.

Como resultado, o projeto ajudará a mapear tecnologias que identificam padrões de agressão, simplificando a investigação criminal e facilitando o debate político sobre projetos de lei para combater esse tipo de violência.

Outros objetivos da iniciativa do VoteLGBT incluem o uso da IA para mitigar ataques a líderes do movimento LGBTQIAP+, aumentar a segurança das minorias políticas e capacitar comunidades sub-representadas para participação em processos eleitorais.

Evorah é uma das referências no campo dos direitos e da comunidade LGBTQIAP+. Ela possui doutorado e mestrado em Sociologia Jurídica pelo Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), onde também concluiu sua graduação em Direito. Atualmente, ela coordena o núcleo de pesquisa e atuação da ONG VoteLGBT, além de ser pesquisadora do Núcleo Direito e Democracia do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento CEBRAP.

Tendo também coordenado pesquisas sobre temas como igualdade de gênero, raça, criança e adolescente, mídia e sistema de justiça criminal para o Conselho Nacional de Justiça, Ministério da Justiça, e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Prefeitura de São Paulo.

Além das resoluções propostas por cada iniciativa ao longo do processo de pesquisa, o Google.org sugere que os projetos selecionados pelo Digital Futures Project abordem três aspectos fundamentais em relação ao impacto da IA, que incluem:

• Como a IA afetará a segurança global e como pode ser utilizada para aumentar a segurança de instituições e empresas?
• Qual será o impacto da IA no trabalho e na economia, e o que podemos fazer hoje para apoiar a transição da força de trabalho para um futuro baseado em IA? Como os governos podem utilizar a IA para aumentar a produtividade e o crescimento econômico?
• Quais tipos de estruturas de governança e esforços intersetoriais podem promover uma inovação responsável em IA?

Entre as iniciativas já apoiadas pelo Digital Futures Project estão o Aspen Institute, o Brookings Institution, Carnegie Endowment for International Peace, o Center for a New American Security, o Center for Strategic and International Studies, o Institute for Security and Technology, o Leadership Conference Education Fund, o MIT Work of the Future, o R Street Institute e a SeedAI.

Via Google.org