Populares e vendidos por meio digital, os jogos para PC estão cada vez mais caros. Isso foi sempre assim? Ou houve um momento em que os jogos eram baratos?

Preço do jogo: história do valor dos jogos no Brasil

O mundo ainda estava descobrindo a internet quando surgiu o argumento de que, com a digitalização das mídias físicas, os softwares ficaram mais baratos. Afinal, para comprar um software era preciso comprar também um CD-ROM. Apesar de serem caros, foi graças ao CD-ROM que os jogos eletrônicos se popularizaram no Brasil. Com a transição das mídias físicas para o meio virtual, houve muitos festejos na comunidade gamers. Sem o custo da mídia física, era possível sonhar com jogos eletrônicos mais caros. Porém, não foi bem isso que aconteceu.

Anos 2000 e os jogos eletrônicos

Quem é da geração Z que hoje é apaixonado por eSports e todo o universo desse mercado, desde as competições até as apostas em eSports, com certeza nunca ouviu falar da tecnologia que revolucionou o Brasil da virada do milênio, o CD ROM.

Na verdade, os CDs já eram um meio físico muito popular no Brasil, mas era de uso quase que exclusivo de grandes gravadoras e produtoras de jogos eletrônicos. O custo, porém, era um pouco alto. Em um artigo da Folha de São Paulo sobre os melhores jogos para computador de 2003, é encontrar o preço de alguns dos jogos mais populares da época:

●     Battlefield 1942 - R$ 99

●     Delta Force: Black Hawk Down - R$ 99

●     Half-Life Generation - R$ 79

●     Mafia - R$ 99

●     Splinter Cell - R$ 99

●     WarCraft III - R$ 99

●     SimCity 4 - R$ 99

●     Need for Speed Hot Pursuit 2 - R$ 99

●     FIFA 2003 - R$ 99

●     NBA Live 2003 - R$ 99

●     Tony Hawk's Pro Skater 3 - R$ 74

Olhando agora, os jogos pareciam baratos, não é mesmo? Porém, considerando que o salário mínimo em 2003 era 240,00, os jogos para PC já era um artigo de luxo - 40% do salário mínimo da época. Quem defende que os jogos da época eram baratos também deve defender que um jogo de R$ 600 reais é barato.

O custo para vender um jogo no Brasil

De fato, o custo alto tinha relação com o custo de produção, pois era preciso produzir os jogos em CD-ROM, transportá-los fisicamente para o Brasil e colocá-los à venda em lojas. Isso de fato encarece os jogos disponíveis no Brasil, tornando-os artigos de luxo. No entanto, a popularização dos desktops e softwares de edição de CDs, aconteceu um boom de jogos eletrônicos.

Nessa época, os centros das grandes cidades, como a Santa Efigênia em São Paulo, foram inundados por vendedores ambulantes dos mais diversos tipos de softwares em CD: antivírus, Windows, gravadores e jogos para PC. Aqueles mesmos jogos da lista, era possível encontrar cópias (eufemismo para ilegais) custando 50, 20 ou 10 reais.

Apesar de ser um comércio ilegal, isso ajudou a muitas marcas e títulos que eram famosos em outros países, se popularizarem no Brasil. E essa popularidade é aproveitada até hoje, com novos lançamentos de franquias famosas, como Resident Evil, FIFA, Diablo, entre outros. A diferença é que aqueles jovens que compravam jogos piratas, agora fazem questão de comprar o original e ter acesso a todo o conteúdo.

Por que os jogos continuam caros?

Apesar do sucesso dos jogos, e da mudança do meio físico para digital, os jogos continuam caros no Brasil. O motivo principal é o valor do dólar no Brasil - atualmente na casa dos 5 reais cada dólar. Como muitos desses jogos são de propriedade de empresas estrangeiras, antes de serem vendidos por aqui, o seu preço em dólar é convertido em reais. Assim, duas formas para termos jogos mais baratos no Brasil são: melhorar nosso câmbio e produzir jogos nacionais.