Um movimento toma conta do mercado de jogos eletrônicos: a adaptação de jogos, que eram exclusivos para consoles e para PC. Entenda os motivos por trás disso.

Do console para o PC: a democratização dos jogos

Quando um amigo meu comprou um Xbox e interfonou para anunciar a novidade: “cara, agora vou juntar dinheiro e comprar aquele God of War para jogarmos até fazer bolha no dedo”. Na época eu não sabia, mas o meu amigo ficou extremamente revoltado em poucos dias. Eram meados dos anos 2000 e poucas pessoas sabiam do conceito de exclusividade de jogos dos consoles.

Só depois descobrimos que a PlayStation tinha a política de lançar jogos apenas para os seus consoles, como God of War e The Last of Us, para ficar nos exemplos dos mais famosos. A Microsoft tentou também competir com os exclusivos da Sony, e lançou Halo e Gears, porém, com uma mecânica diferente.

Fato é que essa disputa entre as duas maiores empresas do setor de consoles deixou muitos jovens tristes e criou uma guerra fria entre as duas comunidades. Quem comprava o Xbox, fazia questão de rebaixar os exclusivos da PlayStation, e os clientes da Sony faziam pouco caso dos jogos da concorrente. E era pior para quem só tinha um desktop para jogar.

PC, Xbox, PlayStation: a trindade dourada

No início da era dos jogos eletrônicos, na virada do século, quem era fã de jogos eletrônicos tinha o sonho de comprar algum desses hardwares. O Xbox era o console mais acessível, em comparação ao PlayStation (como é até hoje). Enquanto montar um PC com as mesmas qualidades gráficas que os consoles era bastante caro.

Por sorte dos amantes dos jogos eletrônicos, isso mudou com o tempo. Montar um PC com boas placas gráficas, processadores rápidos e outros hardwares adequados para jogar os jogos mais pesados, se tornou cada vez mais barato. Assim, muitos jovens que sonhavam em comprar um console da Microsoft ou da Sony, deixaram de lado o sonho. Agora era a vez dos PC.

Estamos em meados de 2010 e o mundo começa a colher o resultado do sucesso econômico da China. A maioria das peças para computadores que chegaram no Brasil nessa época vieram do Tigre Asiático, e é assim até o hoje. O baixo valor, se comparado ao valor dos consoles, a facilidade de encontrar essas peças, tornaram os computadores o principal meio entre o jovem que gosta de jogos e os jogos.

Na época, dizíamos que para ter um PlayStation ou Xbox era preciso ganhar na mega-sena (foi antes da popularização das casas de apostas online). Afinal, o PlayStation e Xbox eram objetos de tributação máxima, deixando o preço final nas alturas.

Luz de alerta: um mercado para conquistar

Em uma estimativa efetuada pela maior feira de jogos eletrônicos do Brasil, em 2020 o Brasil tinha mais de 60 milhões de gamers, denominação para pessoas que jogam jogos eletrônicos como parte da sua rotina. Boa parte dessas pessoas jogam a partir dos computadores. Esses números fizeram com que as duas gigantes do setor de consoles começassem a se questionar se valia a pena insistir na exclusividade de seus jogos.

A PlayStation, notando que os PCs se tornaram mais populares, começou a se movimentar para lançar alguns dos seus então exclusivos para PC. Foi assim que o God of War de 2018 chegou para os PCs em 2022, assim como o primeiro jogo da franquia The Last of Us. Ainda, a empresa adota a prática de migrar seus jogos exclusivos para PC após alguns anos.

Assim como a Microsoft, que aproveitando o fato de ser dona do Xbox e do Microsoft, começou a migrar alguns jogos exclusivos para usuários PC com Windows. Dessa forma, o mercado de jogos exclusivos para console tende a mudar muito nos próximos anos e o maior beneficiado será o público dos desktops.